Festas do Rosário dos Congados e Reinados de Minas Gerais
Fé, Cultura e Resistência em Movimento
O que são Congados?
As Festas do Rosário Tradicionais realizadas pelas Irmandades do Rosário em Minas Gerais, são expressão e celebração significativa da vivência dos Ternos ou Guardas dos Congados ou Reinados. Essas festas e rituais celebrados há séculos em Minas Gerais, têm raízes africanas, influências indígenas e têm como fundamento a honra a santos católicos, como Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia. São manifestações de fé, dança, música e ancestralidade negra, realizadas por grupos denominados como Guardas ou Ternos, com indumentárias coloridas, bandeiras sagradas, tambores, cantos e cortejos.
Foto: Congados, por Renata Garbocci
Onde acontecem?
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Estão presentes em pelo menos 313 municípios mineiros, ligadas à mais de 1060 guardas ou ternos identificados pelo IEPHA;
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Os cortejos tradicionais acontecem nas ruas das cidades;
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Algumas festas acontecem em territórios específicos como quilombos, com destaque para a Comunidade Quilombolas dos Arturos, em Contagem, que é registrada como patrimônio cultural estadual desde 2014.
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A cidade de Chapada do Norte também se destaca por ter a primeira festa registrada pelo estado, em 2013, a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte.
As igrejas do Rosário são lugares de referência para os devotos dessa tradição em Minas Gerais. Muitas dessas igrejas são tombadas, protegidas por sua relevância histórica, como espaços de celebração e devoção para os congadeiros, funcionando como pontos de apoio espiritual e cultural. São mais de 120 igrejas do Rosário tombadas ou protegidas nas instâncias municipal, estadual e federal, em cidades como Serro, Ouro Preto, Mariana, Diamantina, Araçuaí, Uberlândia, Sabará, Caeté, Piranga, entre tantas outras. Mas a devoção a Nossa Senhora do Rosário pode ser notada também em igrejas de outras devoções, abrigando os saberes e as práticas espirituais dos seus detentores e devotos.
Foto: Igrejas do Rosário
Cada capela ou igreja carrega consigo séculos de história e devoção. Elas são palcos das festas do Rosário, do cantar dos ternos de congado, da dança dos marujos, da batida dos tambores, da fé sincrética e do fortalecimento das comunidades negras e tradicionais que as mantêm vivas.
Esses espaços não são apenas construções religiosas: são lugares de memória, cultura e resistência, e podem ser integrados a roteiros de turismo cultural e religioso, com profundo respeito às comunidades locais.
Por que conhecer?
Visitar uma festa de Reinado ou Congado é vivenciar o encontro entre a fé e ancestralidade, ver a alegria que resiste, ouvir cantos que contam memórias de luta e liberdade, e sentir a força de comunidades que mantêm vivas suas tradições por meio de gerações.
Quem participa?
São mestres e mestras, capitães, rainhas, embaixadores, músicos e devotos de todas as idades — homens, mulheres e crianças — organizados em guardas como Marujada, Penachos, Moçambique, Congo, Caboclinhos, Candombe, Catopês, Vilões, Tamborzeiros entre outras. Essas lideranças culturais têm saberes ancestrais que moldam identidades afro-mineiras e fortalecem os territórios tradicionais.
Foto: Congado, por Consuelo Abreu
Quando acontecem?
As festas são celebradas ao longo de todo o ano, com maior intensidade entre maio e novembro, especialmente no mês de outubro, por ser o mês de Nossa Senhora do Rosário (07/10). Cada cidade tem seu próprio calendário, articulado à liturgia local, às datas festivas e aos ciclos de visitas entre os grupos.
Como participar?
Você pode planejar roteiros de turismo cultural com foco nos Congados, buscando:
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Guias locais e mestres das comunidades
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Festas anuais do Rosário e Encontros Regionais de Congados
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Itinerários que incluem igrejas históricas do Rosário, mercados de artesanato e gastronomia local
Para quem é?
Para turistas conscientes, pesquisadores, agências de turismo de experiência, estudantes, gestores culturais, religiosos e todos que valorizam o Brasil profundo, diverso e ancestral.
Foto: Congados, por Renata Garbocci
Caminhos do Rosário: Roteiros de Cultura e Fé Afro-Mineira
Os Caminhos do Rosário, iniciativa da Secult por meio do IEPHA-MG, integram ações do Programa Afromineiridades e articula Congados, igrejas do Rosário e outras expressões, para construir roteiros turísticos sustentáveis e respeitosos com os territórios culturais negros de Minas Gerais.
"Os Reinados não são apenas festas. São escolas vivas, territórios de fé e de resistência cultural, é a cura de um povo que vive e revive o passado, o presente e o futuro através da devoção ao Rosário de Maria."
— Adriano Maximiano da Silva, Diretor de Proteção e Memória do IEPHA-MG.
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