A riqueza das bonecas do Vale do Jequitinhonha
Que tal conhecer de perto o trabalho de criação de um dos artesanatos mais típicos de Minas, reconhecidos e valorizados mundialmente?
As bonecas de cerâmica do Vale do Jequitinhonha são um belo exemplo da riqueza cultural mineira. Elas são de fato a expressão de um povo.
São bonecas que nascem do barro modelado, cuidadosamente pintado e assado em fornos especiais, feitos caseiramente. São obras de arte que retratam, em diferentes tamanhos, a realidade do Jequitinhonha.
Onde fica o Vale do Jequitinhonha
As famosas figuras têm como matéria-prima a terra seca do sertão de Minas. A região do Vale do Jequitinhonha se divide em:
Alto Jequitinhonha: microrregiões de Diamantina e Capelinha;
Médio Jequitinhonha: microrregiões de Araçuaí, Pedra Azul e parte da microrregião de Capelinha;
Baixo Jequitinhonha: microrregião de Almenara.
Das viúvas de maridos vivos até as bonecas do Jequitinhonha
A transformação do barro em artesanato surgiu por necessidade de mulheres e crianças, quando pais de família rumavam aos grandes centros urbanos e para regiões de produção agrícola em busca de melhorias e sustento à família.
Nesse processo, deixavam para trás esposas, muitas vezes grávidas, e filhos pequenos que seguiam a vida por meses ou anos. Essas mulheres ficaram conhecidas como viúvas de maridos vivos, ou viúvas da seca.
Dessa realidade nasceram as bonecas em cerâmica, que transmitem a história e modo de vida das mulheres do Vale do Jequitinhonha.
Cada uma é única, mas algumas temáticas estão sempre presentes. As obras retratam mulheres grávidas, com bebês de colo, noivas, todas com o olhar vago. Seus rostos misturam traços de povos negros e indígenas, características físicas presentes nas comunidades locais.
As bonecas transformando famílias
O artesanato do Vale do Jequitinhonha tem hoje um importante papel social para várias de suas comunidades. Representam a valorização dos saberes populares do Jequitinhonha, tornaram-se referência do artesanato brasileiro e possibilitam o sustento de muitas famílias.
A produção do artesanato se tornou uma alternativa às comunidades, que tiveram seu sustento prejudicado pelas longas estiagens e também pela dificuldade de encontrar trabalho nos centros urbanos da região. Até conseguem manter muitos homens na região, o que antes não acontecia.
Hoje centenas de fortes mulheres lideram e sustentam famílias por meio de sua arte. Recebem convites para participar de feiras em todo o país, e vêem seus trabalhos espalhados pelo mundo.
Que exemplo de empoderamento feminino dessas lindas mulheres do sertão mineiro, não é mesmo?
O reconhecimento da arte em barro do Vale do Jequitinhonha
Para a produção do artesanato em barro existe uma soma de conhecimentos que vai desde a coleta da argila ideal, o processamento desse material, à produção de fornos para queima dos trabalhos criados pelas mãos habilidosas dos artesãos locais.
Diversos povos têm o hábito de produzir cerâmicas, muitos deles com formas simples e pouco variadas, sendo em sua maioria objetos práticos de cozinha, como tigelas, copos e gamelas, sem muitos detalhes.
A cerâmica do Vale do Jequitinhonha ganhou seu destaque por sua qualidade, variedade em peças decorativas, utilitárias e religiosas, e também pelo volume produzido.
A expressão das tradições herdadas pelas comunidades ceramistas do Jequitinhonha e as características do trabalho com o barro levaram ao reconhecimento da cultura popular da arte em barro como Patrimônio Imaterial de Minas pelo IEPHA em 2018.
Que tal conhecer as personagens dessa rica cultura do Vale do Jequitinhonha de perto, seu artesanato e até mesmo aprender a fabricá-las?
Conheça o Vale do Jequitinhonha e se encante com uma das muitas Minas Gerais!
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