Bandeirinha

O naturalista francês Auguste Saint-Hilaire (1779-1853) foi um dos primeiros pesquisadores a fazer registros científicos – e também históricos – da flora brasileira. Ele percorreu vários estados, inclusive Minas Gerais. Em Conceição, Saint Hilaire descreve ter pernoitado em uma hospedaria de nome Bandeirinha, pressupõe-se que, esta hospedaria estava localizada onde, atualmente existe um bairro de mesmo nome. Nessa localidade ele se encantou com o João de Barro, pássaro comum na região, e deixou o seguinte relato: “Fui acampar a um quarto de légua de Conceição, em uma miserável hospedaria chamada Bandeirinha. Em frente à casa estava uma cruz sobre a qual vários indivíduos de uma espécie de furnarius (Vieill.), tinham construído os ninhos. Mandei retirar um deles e examinei-o com cuidado. Era construído de terra argilosa, misturada a fibras e gravetos, e de grande dureza. A forma era a de um forno, e podia medir nove polegadas de diâmetro, incluindo a crosta que tinha a espessura de polegada ou polegada e meia. A entrada era oval, um pouco oblíqua, e tinha aproximadamente três polegadas de altura. O interior correspondia ao aspecto externo, e era igualmente arredondado como um forno. Para cada postura o pássaro constrói um novo ninho; o antigo, porém, dura vários anos, e às vezes serve de base ao que lhe sucedia. Esse curioso ninho valeu ao pássaro que o constrói o nome de joão de barro, pelo qual é conhecido no país. O joão de barro nada tem, aliás, na plumagem, que atraia a atenção; mas pertence ao número dessas espécies que parecem amigas do homem, e se comprazem na vizinhança das habitações.”