Capela de Santa Cruz

A devoção à Santa Cruz é uma tradição vinda com os colonizadores para o Brasil. Várias capelas destinadas às celebrações da Santa Cruz espalharam-se pelo país no correr do tempo. Em São Paulo, por exemplo, elas são muito numerosas e ainda realizam suas festas, normalmente no mês de maio. Nestas festas co-existem partes sagradas e partes profanas. Estas últimas representadas por danças que se realizam por parte da comunidade em torno do cruzeiro principal próximo à capela que normalmente é fixada em aclives. Tanto a devoção como a festa, são uma tradição trazida pelos jesuítas para o Brasil e amplamente difundida como atividade de catequese dos indígenas. Atualmente possuem elementos sincréticos que denunciam presença de contribuições tanto de índios como de mestiços. Em Onça do Pitangui a capela destinada ao culto à Santa Cruz, foi implantada em uma região serrana e a dificuldade para se chegar à mesma, sugerem o sacrifício que pode ter sido inspirado pela parte católica “jesuística” do culto. Por outro lado, atentando-se para a leitura histórica sobre a arquitetura do templo percebe-se a imponência da natureza ante a simplicidade do lugar cuja proposta arquitetônica apresenta-se exígua para o exercício da função religiosa, sugerindo, assim, que originalmente, a presença de uma parte profana nas festas tenha sido contundente, realizando-se a dança profana próximo ao cruzeiro e do lado de fora do templo. Aliado à simplicidade da igreja, a distância a ser percorrida, com dificuldade para se chegar ao mesmo, parece aludir, igualmente, à presença de elementos sincréticos em espaço longínquo da cidade e da matriz símbolo da autoridade e vigilância da instituição igreja católica.